O
trabalho em curso do teatro sagrado
Aline
Gomes
Jornalista
MTB : 64010
Dispa-se
de seus conceitos, de seus pré-conceitos e mergulhe no desconhecido.
Esta é a melhor maneira de começar a ler Work in Progress
(Literata, 2010, 146 páginas). O livro do teatrólogo e fundador da
Companhia Teatro Genoma, Rodrigo Marcondes, convida-nos a uma viagem
rumo ao teatro novo, à interpretação selvagem, a um turbilhão de
instintos.
Inspirado
história e obra do poeta francês Arthur Rimbaud, o autor iniciou
sua jornada em busca de uma nova linguagem teatral, ou como por ele
chamada, teatralidade ou teatro de essência, muitas vezes, duramente
criticado por utilizar uma técnica totalmente nova, voltada ao
teatro autoral, ao encontro do ator consigo mesmo, com o selvagem,
sem reconhecer padrões, conceitos ou paradigmas.
O
autor utiliza o Totem Animal como eixo principal, ou seja, cada ator
busca o animal interior em estado selvagem dentro de cada personagem
através de exercícios cênicos que transcendem os valores, costumes
e visão dos atores, onde os mesmos liberam seu instinto animal e
primitivo, deixando fluir a sua ancestralidade para, aos poucos, se
liberar para as ações naturais, e como num ritual, permitir
irromper a interpretação do ator-vampiro.
O
ator-vampiro surge como a primeira teoria do Teatro Genoma. A
expressão está relacionada ao processo de metamorfose do vampiro
que se transforma em muitos animais, de acordos com os mitos e à sua
sede por sangue, uma vez que o ator necessita absorver a essência
humana e ao mesmo tempo a brutalidade animal para dar vida ao
personagem.
O
Teatro Genoma Work in Progress é a mistura do homem e sua
ancestralidade, da animalidade e o sagrado, do ator e seu personagem
na forma bruta e ao mesmo tempo lapidada. O livro propõe uma
celebração cênica, a interpretação como um ritual sagrado que
vai muito além dos textos, roteiros e técnicas duramente, o
despertar do ator-animal, do personagem-selvagem para que fundidos em
corpo e espírito, venham à luz do mundo místico do teatro.
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